sábado, 28 de junho de 2008

Ele dizia-lhe que havia uma concha de mãos percorrendo a forma das coisas do mundo. Ela riu-se e perguntou onde se subia a escada. Ele disse-lhe que as escadas não servem para subir porque são uma subida. Ela olhou muito séria para ele, não fazia ideia do que havia de lhe responder (estava um elevador mesmo à frente deles, as palavras eram desnecessárias). Ele quis saber se demorava, se ela demorava a atar os atacadores. Ela falava de histórias antigas e olhava para cima, para cima, como se em cima estivessem as histórias. Ele olhou também e quis saber mais. Mais como, perguntou-lhe ela? Ela estava já a pensar no gelado de limão, se pedia uma ou duas bolas. Mas tu nunca apreciaste gelado de limão? Sabes bem que eu tenho uma paixão por limões, como podes dizer isso?!

(Narradora que não narra: vocês que se desenrasquem com as assinaturas, eu só ouvi a conversa, nada mais.)

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