Quando
o azul tem uma morada
Tília
era azul, cintilava azul. Cantarolava uma canção azul e sorria ao voo feliz dos
pássaros que se penduravam no olhar dela. Chupava rebuçados de mentol durante
os seus passatempos e mergulhava em força nos seus pensamentos azuis. Jogava às
escondidas com os raios de sol que entravam na casa onde morava com as fontes
onde nasce o sol. Tinha duas mãos azuis perfeitas e enfeitava-as com doce de
cereja. Quando a lua estava crescente ela sentia-se iluminada e aumentava de
tamanho. Tília gostava de fumar cachimbo enquanto escutava as suas músicas de
jazz preferidas. Lutava em vão contra as baratas que tinha em casa, elas comiam
metade do seu jantar e dançavam sapateado ao mesmo tempo. Colecionava tempestades
de areia, colava umas em cima das outras para ficarem mais fortes, elas tinham
o seu nome: uma tonalidade de azul.
Sem comentários:
Enviar um comentário