quarta-feira, 23 de julho de 2014



Eu sei que consigo dar mais de mim.




Mas tenho dois problemas:




Eu não acredito em mim.




Ninguém acredita em mim.




Mas há uma pessoa que acredita que eu sou capaz de dar mais de mim.

podias abrir um pequeno orifício na minha pele, furar devagarinho e tocar-me o coração

sábado, 19 de julho de 2014


No primeiro concerto de Nick Cave a que fui conheci-o e ele disse-me que queria ir ao Inferno.


Não sei se chegou a ir.


Eu fui.


Foi a pior coisa que me aconteceu na vida.


I  understood how a man who has nothing left in the world still may know bliss.


(Frankl, "Man's Search for Meaning")

Frankl afirma isto após ter estado num campo de concentração nazi.


Tendo pouco se faz muita vida às vezes.


Continuando:


https://www.youtube.com/watch?v=LsBJ62jSCl0




Eu sou todos os nomes porque em mim vivem rios de centopeias que rumam a direções várias tentando viver o que é possível…neste momento. Não te apoquentes pois estás a ser sarada. Diz quem? Todos os nomes alimentam-me uns dos outros com sabedoria. Sabedoria? Ainda não tenho muito conhecimento mas já tenho mais que tinha. Todos se riem com a rima. Quem és? Não quem gostaria de ser porque não sou Livre e vivem em mim tantas prisões que à minha volta todo o campo murcha. À minha volta todo o campo tem a força do rinoceronte e é ele quem me ensina o nome das flores. Sou muito, tenho tantos nomes que me embrulho no quem é quem. Entre estou a arder a querer fazer-te sorrir também a ti e estou desanimada sentindo o abismo debaixo dos pés. Quem é quem? Podemos estar sempre juntos, foi assim que tudo aconteceu, os nossos nomes uniram o que já estava unido. Somos todos os nomes.



Todos
Apetece-me tanto fumar! Tenho um penso de nicotina fase 3 (final) pespegado no braço, sei que estou doente com uma treta qualquer ao nível das vias respiratórias e...apetece-me tanto fumar! Olho para os maços de tabaco dos outros como se fossem comida e eu já não comesse há três dias. E quando eles estão a fumar tudo piora, fico tão ansiosa que, às vezes, espumo da boca. Mudando de assunto, quem está no meio do fogo queima-se, toda a gente sabe, e eu queimo-me quase sempre. Porquê? Porque tenho a sensação de que domino as situações e que elas estão a correr como eu quero. Mas tenho as vistas curtas, por vezes a é b. A minha opinião sobre as pessoas é ruim. Elas simplesmente passam o tempo a magoar-me. E eu tanto as quero perto de mim, como longe.
Este tipo é extraordinário:


https://www.youtube.com/watch?v=Uw_Khlt3NiQ

quarta-feira, 16 de julho de 2014


O meu nome:
Gesto que fala para fora
Sinto-o como chuva imensa
Como incêndio
Horas de barco sempre rumando
Onde procuro escutar-me
Tacteando a minha música
Querendo ser o caminho das coisas
Um movimento da existência
Esperando a sua vez.
Percebo na paisagem
A presença da seiva dos frutos nas canções
E o desejo de me lançar na sua respiração
No mundo livre dos pássaros
Encontrarei a minha casa

Bruno


Vim de férias:

É pena que tenham acabado, vir outra vez para esta “regularidade” não me agrada.


Fui à praia uma vez e meti os pés dentro de água, só os pés.

Escrevi bastante, estou muito contente comigo.

A fantasia e eu namorámos bastante. Foi tão romântico…

Desconfio muito que tenho apneia do sono. Fantástico, posso morrer a dormir!

Já tenho uma consulta marcada. Mas, entretanto, posso morrer.

Esta parte do morrer sou eu a dramatizar. Eh, eh, eh.

Continuo sem fumar, mas existem alturas em que penso que não vou resistir.


É só cravar um cigarro ou comprar um maço, tão fácil quanto isso.

Às vezes sonho com pessoas com quem não gosto de sonhar porque, obviamente, me faz mal.

Ainda não descobri o sentido disto tudo.

sexta-feira, 4 de julho de 2014


Sem caminho
 
Ao caminho faltam sentidos para irmos munidos de amor. Está tudo a ruir e pergunto-me: onde vou cair? É verdade que tenho muitas almofadas mas estou preocupada com as pancadas. Relâmpagos ruidosos na minha cabeça, muito teimosos. Paz é coisa que não tenho, imbróglios de todo o tamanho. Raios partam esta canção, parece que não tem conclusão. Fugir para onde, não tenho o dinheiro de um conde. O sinal está sempre encarnado, para mim não há rebuçado. Falta de doces é um pecado, e eu bem os pedi no meu recado. Apanhei um barco a pensar que ia para um destino e acabei a tocar o sino da aflição. Mas sei nadar, e de mar em mar vou a passear com a correnteza. Com certeza que quero do melhor que há, ao meu redor andam coisas estranhas que têm as suas manhas e sussurram-me cartas de filosofia. Têm sabedoria, preferem brincar comigo ao jogo criativo de rebolar nas nuvens e fazer contrabando de cores encantadas, saladas de sabores para todos os gostos. Ninguém me faz favores, eu tenho de ir com a minha matilha toda maltrapilha pelo jogo dentro, contra o vento, contra tudo. E o futuro, dizem que é domínio de Deus.


Embuste

Sou atormentada por repetidas visões de salvações que não se deram, que forçam os meus pés a enterrarem-se na profundidade de uma terra de dramas cujos nomes vou mudando mas cujo título é sempre o mesmo porque no sofrimento em que vivo constantemente não há lugar para uma pequena ternura. Correm-me nas veias cores que me atraiçoam quando tento construir dias diferentes, na minha cabeça um caos metálico trava-me os gestos e devaneio facilmente nas armadilhas da existência. Sinto cada vez mais o rugir de algo que vem com muita força de dentro de mim, é um choro aflito que me torce toda e que me cobre de sensações de uma penumbra que possui o meu corpo por inteiro. A angústia de não conseguir aniquilar a cristalização dos movimentos que sabotam qualquer filão de vida fresca parece navalhas num embute à minha espera, numa altura em que tenho demasiadas cordas a embaraçarem-se nas minhas pernas este está mais perto do que nunca.

Batido de morango

 

Beber batido de morango é um bálsamo de festins que só existe quando tu pegas nele e te deixas abrilhantar pela sua pura vida. Ele conquista os morangueiros todos enaltecendo o entusiasmo da terra e surpreende os morangos no seu crescimento vindo como vento de sabedoria. Conheço bem demais a cor do leite, os meus vestidos dançam com ela nas loucuras dos jogos de bonecas quando elas se desejam casar com o príncipe formoso do reino que dizem ser encantado. Quando o morango choca com o leite saltam faíscas e os morangos soltam-se em pedaços criando uma nova cor no leite macio. Que sabor celeste dizem ter, essa fusão de gostos, até aos anjos apraz.