História do
cigarro
Um
cigarro desorganizado cantava ao luar tudo aquilo em que acreditava e mais um
par de botas juntamente com as sandálias de um verão abrasador. Ele acendia-se
com a força da melodia das estrelas e brilhava incandescente fazendo o furor
dos pirilampos. Tudo fervia nele: ideias rebuscadas, ideias floreadas. O
cigarro era um conquistador colecionador de isqueiros enferrujados, tinha uma
oficina para torná-los requintados. A sua cinza era prateada clara, parecia um
rio na época das enchentes repletas de peixes grávidos. Escolhia com precisão
as bocas, tinha uma predileção pelos homens com cheiro a terra arada dos campos.
Quando chegava à ponta sinaleira, o isqueiro fazia o milagre de tudo
recomeçar.
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