sábado, 7 de junho de 2008

António, há um mundo estranho que te fala e tu não o ouves com claridade. Surge a angústia, o teu pranto. A tua intranquilidade apenas quer seguir os caminhos dos animais que passeiam em rebanho, pastando em campos serenos. Mas os teus dias são preenchidos pela habitação dos homens e pelas suas vozes. Como escapar a essa explosão dos sentidos, quando sentes que nada tem sentido por vezes nos seus mundos? António, a tua cabeça é cortada uma e outra vez e repetes uma qualquer oração desconhecida. Quem te segura a mão António?


Há flores gigantes que crescem por aí para ti e para mim Alex. Há pássaros que voam à velocidade da luz e do som levando-nos com eles nas suas asas de ternura. Há rios inventados só para nós Alex, cheios de sonhos azuis vestidos com a força do fogo, que afastam o frio do medo. Há mil janelas Alex, que se abrem para que regressemos à casa que sempre procurámos...

Sara

O fedor das coisas continua a estar estendido nos caminhos. Sara, não me engano com as gargalhadas dos seres que agora me tentam amansar, aqueles que outrora fizeram a minha queda ainda mais desumana. A cela apenas muda, estou no exterior mas imersa de sujidade e a minha revolta Sara tem mil olhos. Tudo é falso. Encontro-me só nos meus sentidos, mas eles valem o mundo inteiro. Aqueles que se cruzam comigo são dementes, desejo constantemente a fuga. Há seres Sara, no entanto, que são azuis, seres como nós, seres raros que talvez possam viajar connosco.

Sem comentários: