Quem chamas nesse rumor que percorre o gelo que lentamente dirige a navegação incerta que um dia declarou os golpes ágeis das travessias do desassossego? Essa avalanche que esgrime contra as impossibilidades, as espadas roubando as redes, para que o grito se oiça mais alto. Quem surge como vibração de rosto rasgado, assassino sem bússola, na distância esfumaçada que arranca palavras à respiração oscilante do tacto desgastado dos precipícios que neste mundo estranho embatem uns nos outros? Quem chamas atrás da língua, tentando recordar o nome da terra esquecida, quando às escuras os pés se afundam?
Celeste, menina que flui a vida, brincas ao mundo e o mundo diz em voz alta os nomes das coisas. Celeste, brincas com o sol e a chuva nos olhos e sabes que o nome das coisas não se aprende, vive-se de mãos nas sementeiras. Celeste, as tuas veias correm ao contrário, é esse o teu nome. Aprendes as palavras começando por dizer “sinto a tua falta” e depois cantas todas as canções que o mundo já inventou e tu começaste a inventar.
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