Pequenas alterações de um poema de Al Berto de que gosto muito:
ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua voz
cantar a próxima esquina
e o teu olhar possa ser o passo seguinte
vai até onde seja ouvida essa voz
uma voz falando ilimitada
liberta como os desejos das mãos e dos frutos
reconhece-te caminhando por esses campos
que correm atrás de ti e levam fontes nos braços e pernas
as crateras nunca extintas mostram-te: vai por essa porta
de vales tão vastos quanto os começos dos dias
deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
e as suas loucas flores que o oráculo te falou
erguerem-se na vertigem do voo - deixa
que o verão te traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu eterno coração - ouve-me...
Sem comentários:
Enviar um comentário