Era uma minhoca amarela que vinha lá da terrinha e pôs-se a falar com um pássaro para lhe perguntar o caminho. O pássaro estava com fome e a minhoca apercebendo-se rapidamente disso escapou-se depressa, depressessinha! Ela percorreu uma e outra casa, todas as casas à procura de um cantinho. Deu de caras com muitas árvores sem nada, para se acomodar num sítio quentinho. Toca a mudar, tocar a andar e ser mais amarela ainda. Ela queria juntar-se a uma seita, para ter um espírito religioso mas depois esqueceu-se dessa ideia peregrina. Quis ser adivinha e adivinhou umas coisas, menos a cor que a sua pele tinha agora. Foi caminhando numa sexta-feira atrás das macieiras e até lhes pediu para as comer. É que ela era meia divina e enchia-se de maças como quem quer ser maior. Foi para um mosteiro e conheceu um leão simpático com uma juba azul e partiram rumo ao rumo dos rumos. O caminho do rumo não concordava consigo mesmo e pôs muitos obstáculos aos dois amigos. “Mas pensas que és quem?” – perguntou a leão arreliado. Ele pensava que era uma espécie de visionário, mas nem sabia onde era o Sul. “O Sul é quando um animal quiser” – disse-lhes muito convencido. Apareceu um esquilo-zebra e pôs em causa o semi-deus (agora o caminho do rumo intitulava-se assim). Ele começou a chorar, disse que estava perdido e que as pessoas só queriam saber do rumo, nunca lhe davam os bons-dias. “Ora, mil bons dias caminho do rumo, diga-nos lá a direcção” – disseram todos em uníssono. Ele respondeu: “pela minha experiência todos os caminhos são possíveis, vão por aquele que melhor vos convém, mas o Sul acho que é por ali...” O esquilo-zebra quis ir com eles e todos convidaram o caminho do rumo para vir também. A minhoca amarela ficou tão contente que de amarela-torrada transformou-se em cor-de-laranja.
Celeste
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