domingo, 20 de dezembro de 2015


Durante a escrita

Meti-me no interior de um cavalo de Troia, mas de nada adiantou: os lacinhos de Natal continuaram a dançar à minha volta. Sou também égua, sou-o um momento chamado cores e desenho-as na cabeça. Tantas folhas escritas do meu lado esquerdo, terão elas preferência por esse lado? De qualquer forma, estão demasiado sujas de tinta e mal as consigo ler. Também parecem um papagaio, mais coisa, menos coisa, dizem todas o mesmo. Tenho uma estrela de Natal empoleirada por cima de um coração, há quem lhe chame Amor Verdadeiro, no outro dia, chamei-lhe formato de químico colorido. Sou uma guerreira e manifesto os meus poderes através da minha glândula pineal. Gosto de fazer desaparecer coisas e fazê-las reaparecer em lugares estranhos como varandins vestidos de flores. Gosto de sentir magia no meu interior e abro muito os braços para dizê-la, por vezes, digo-a alto demais e acordo os meus vizinhos. Quero mascarar-me de escaravelho, mas os escaravelhos não estão com vontade de me dar autorização, vou ser sacana e vou na mesma. Mascarar-se tem ambição, representa cinquenta por cento do que se pode ser enquanto migrante.

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