quarta-feira, 30 de dezembro de 2015




 


— Jesus abençoará nossas esperanças — exclamou afetuosa Alcione — Nós que saímos juntos do mesmo sopro de vida, chegaremos juntos aos braços amoráveis do Eterno. Pólux soluçou convulsivamente. Esperar-te-ei — disse ela — através dos caminhos do Infinito. Lutarei ao teu lado nos dias mais ásperos, dar-te-ei as mãos sobre os abismos tenebrosos.


(Alcione falando com Pólux em “Renúncia” de Emmanuel pelo médium Francisco Xavier)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015


Mundo novo

Queria matar-te mas, entretanto, perdi a vontade. Foi o vento que bateu do meu lado direito da cabeça que me tirou a vontade. Quis escrever-te a contar-te mas já não tenho a tua morada. Escrevi um bilhete e larguei-o ao vento, dizia: irmão, sonhei que bebíamos um copo de vinho juntos, falámos algum tempo e depois não sei para onde foste. No sonho não te quis matar, quis fazer um brinde, brindámos a um mundo novo. Queria matar-te irmão, mas quando o vento bateu do meu lado direito da cabeça lembrei-me do mundo novo.

domingo, 20 de dezembro de 2015


Durante a escrita

Meti-me no interior de um cavalo de Troia, mas de nada adiantou: os lacinhos de Natal continuaram a dançar à minha volta. Sou também égua, sou-o um momento chamado cores e desenho-as na cabeça. Tantas folhas escritas do meu lado esquerdo, terão elas preferência por esse lado? De qualquer forma, estão demasiado sujas de tinta e mal as consigo ler. Também parecem um papagaio, mais coisa, menos coisa, dizem todas o mesmo. Tenho uma estrela de Natal empoleirada por cima de um coração, há quem lhe chame Amor Verdadeiro, no outro dia, chamei-lhe formato de químico colorido. Sou uma guerreira e manifesto os meus poderes através da minha glândula pineal. Gosto de fazer desaparecer coisas e fazê-las reaparecer em lugares estranhos como varandins vestidos de flores. Gosto de sentir magia no meu interior e abro muito os braços para dizê-la, por vezes, digo-a alto demais e acordo os meus vizinhos. Quero mascarar-me de escaravelho, mas os escaravelhos não estão com vontade de me dar autorização, vou ser sacana e vou na mesma. Mascarar-se tem ambição, representa cinquenta por cento do que se pode ser enquanto migrante.