sexta-feira, 13 de junho de 2014

Rabiosque

Era   uma vez uma centopeia que gostava de areia e lá ia toda ela aos bocadinhos  pelos grãos achando-se muito bela. Dizia que não rastejava, que ia a correr com as patinhas a arder. Estas faziam poesia com o seu caminhar, era vê-las a rabiscar em todo o lugar, palavras a rimar. Ela assinava com o rabiosque que, de tal forma elegante era, estava sempre em Primavera e nem uma sarda de idade tinha. Era portadora de uma grande fertilidade e existiam bichinhos seus por aqui e por ali, bichos igualmente céleres e dados aos rabiscos. Tinha pavor de ser feito isco, acabar comido como petisco não era de todo o seu excelso sonho. Uma centopeia que subia dunas feita escada com as suas passadas escorregadias e para si os dias nunca terminavam. Sabia sempre o que fazer, estava sempre ocupada e às vezes aparecia com a sua manada e eram mil patinhas a dançar.


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