segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Se calhar queres que eu te fale de mim, da minha vida. Não há muito a dizer, a minha vida está completamente estagnada e eu estou completamente fodida da cabeça. Queres uma gaja assim? É por tua conta e risco. Não me estou a tentar impingir. Vivo num mundo só meu, incomunicável, sinto-me extremamente sozinha e estou muito revoltada com o estado da minha vida. Morri no sítio onde estive, dancei sobre fogo, voltei a morrer, cresci em árvore. Mas morri mesmo, os joelhos desceram até ao chão e depois senti o frio das facas. A seguir o sangue rebentou pelos poros até se esgotar. Fiquei deitada sobre chuva décadas…Mas o que é que interessa esta conversa? O que é que te interessa a minha vida? Não estás aqui para ouvir nada disto. E eu que me sinto tão mal com tudo isto. Mas estou a falar para o vazio. É verdade que me pode fazer bem desabafar, mas era tão bom haver uma palavra desse lado. Tudo o que os meus olhos viram e foram fazem-me ser uma pessoa completamente fodida da cabeça. Nunca quis estar encharcada de Escuridão, nem andar a saltar montanhas vertiginosas de oiro. Vi demais e fui depenada, deixei de saber quem era. Claro que agora tenho um enorme problema de identidade. O que resta de uma pessoa que passa por uma situação destas? O que é que ela é? E é ridículo pensar em ti neste quadro. É tudo tão feio aqui. E tu na verdade não existes, a não ser na minha cabeça obsessiva. O que posso querer de ti tendo em conta tudo isto? E isto mais tarde ou mais cedo vem tudo ao de cima se estiver contigo, o tempo não faz milagres. E será que vais aguentar com este peso que eu carrego? Porque mesmo eu mal aguento o peso. Depois vais ficar assustado…como lidar com uma pessoa como eu? Só te posso dizer que te compreendo. Mas há outras pessoas, eu sei que há, que conseguiam estar comigo nestas condições. Porque vejamos, eu posso pôr em causa se tu serás a pessoa mais adequada para mim. E isto pode dar para o torto, e não vale a pena ir por esse caminho, não é? Mas o que será será, de nada vale estar aqui a fazer conjunturas. É só que a minha vivência imprimiu em mim uma faceta tão negra que acho difícil lidar-se com alguém assim. Se calhar estou a exagerar, já estou bastante mal disposta.
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