sábado, 11 de setembro de 2010
Estou muito triste com o assunto “abandono”. Arranjei uma bela confusão e agora vou ter de a resolver. Tu naquela noite acabaste por me abandonar, não foi? Saltaste por cima de todas as romãs que se abriram entre nós, pela passagem dos lábios no florir da manhã, pelas palavras com sabor a música solar. Eu fiquei sentada no sofá a olhar para o vazio, com um grande aperto no coração. Fiquei completamente perdida, uma flor a escurecer. Porque doía tanto a tua ausência? Porque desde o momento primeiro da poesia rimada e não rimada os frutos que cresciam nas nossas mãos eram magníficos, e os bosques por onde passávamos eram iluminados pelos nossos passos. Já não me lembro da conversa que tivemos mas sei que foi muito bonita. Lembro-me que fizemos sexo e também isso foi muito bonito. A forma como me conquistas-te: a história das bocas e dos olhos do outro lado do prédio, nas janelas. E eu, muito tímida, a atirar-me para cima do teu colo. E tu, com uma grande lata, a “atacares-me” logo de seguida. Não sei, foi tudo tão intenso e maravilhoso que era impossível não ter toda esta influência sobre mim. Doeu, quando te foste embora. E dói não te ter ao meu lado. É que mexeste mesmo comigo! Só gostava de saber se mexeu também, nem que seja um bocadinho, contigo. Mas aposto que sim, não foi uma coisa de um lado só. Mas continuo a dizer, pena que esteja nesta busca sozinha, contigo ao meu lado era tão mais bonito. Dizem que pensas em mim. Como serão esses pensamentos, com que frequência os terás? Quanto terás meu dentro de ti?
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