terça-feira, 29 de julho de 2008

Nunca quiseram olhar para mim naqueles estados depressivos, fazia muita confusão, pois agora estou pior e cada vez fui ficando pior. Devem achar que estou mesmo maluquinha depois do meu episódio de mania. Achem o que quiserem, porque estou tão só que isso não interessa. Não conseguiam lidar comigo, não sabiam o que dizer, nem tentaram muito, não é, nem procurarm informar-se, se calhar eu não era suficientemente importante. Ora a maluquinha só pede que, se por acaso tomar os 80 comprimidos, publiquem a obra dela que deve ter sido a melhor coisa que ela já fez, uma vez que com as pessoas falhei redondamente. Acho que não é pedir muito.

Sofia Sara Fontes Felix Mendes Leal

1 comentário:

Anónimo disse...

Sou brasileira de Natal-RN e uma das fãs da Heliosfera. Já li o antigo blog todinho e tenho muitas coisas suas comigo, Sofia. Guardo algumas de suas palavras que me enchem de alguma forma, se é que isso é possível, e afastam a poeria que insiste em se depositar na minha cidade. A coisa é bem esta: precisava que me varressem o ser e o blog (o outro) fez isso melhor do que qualquer amigo, familiar, psicólogo e, guardada as devidas proporções, até mesmo que alguns livros.
No momento, estou lendo 2008 e eis que me deparo com isso dos 80 comprimidinhos. Provavelmente deve ter escrito num momento de desespero ou então por pura piada, como às vezes eu faço também. Ou ainda, e o que é a pior das alternativas, pode ter pensado seriamente nos 80 comprimidinhos. Eu nunca comento no seu blog e veja lá, eu me identifico com quase todos os posts. Vergonha? Pode ser, e um montão de outras coisas também. Como Beatriz, por exemplo. E isso é mesmo curioso, pois existiu uma Beatriz na minha vida que até hoje me enche o saco. Fico me perguntando se talvez, talvez, não seja verdade que existam no mundo pessoas de nomes, casa e endereço diversos, quando são na verdade a mesma pessoa. Digo, a mesma pessoa com as mesmas pessoas dentro.
Enfim, gosto de você. Não te conheço nem nunca trocamos uma palavra, mas eu gosto muito de você. E por isso mesmo talvez seja ainda mais verdadeiro porque o meu olhar não está viciado como quando conhecemos as pessoas de fato, é essa a tendência dos hábitos, imagino. Por isso, deixe de lado os 80 comprimidinhos, não vale a pena. Eu sei "não vale a pena...", e o que vale, né? Muita coisa, decerto, vale a pena e suicídio não é uma delas. Nada se altera para nós se deixamos de existir por conta disso, com esta finalidade. Não se muda o absurdo do mundo, Sofia, e eu, pelo menos, sinto às vezes uma necessidade de por o absurdo pra correr. Não para correr de mim mas para correr de si mesmo, deixar de ser assim, tão absurdo. Já pensei nisso de suicídio antes, mas a questão sempre volta... "Tá: me mato, não sofro e pronto". Pronto o quê? Pronto uma ova! Pronto nada! O absurdo vai continuar, aliás, continuará de uma forma ou de outra. Ou ele o mundo é absurdo na sua absurdidão ou nós somos absurdos e não aceitamos o mundo sem a nossa absurdidão. Uma questão de perspectiva, talvez.
Eu vivo sofrendo, então não posso falar muito sobre felicidade, a única coisa que posso falar é do Tempo, Sofia. Acho que tudo se resume a isso: o tempo. Saber conviver com o Tempo é a grande sabedoria, Sofia... As pessoas conversam com Deus, eu converso com o Tempo. Não peço nada, obviamente, porque ao Tempo não se pode fazer uma coisa dessas. E quando tenho uma angústia ou Beatriz rasgando meu ser, procuro o Tempo para nada. Para ter o tempo e desperdiçá-lo de um jeito que ele demore bastante. Paciência, diriam. Eu chamo Sabedoria. E aí é de cada um, cada um que faça o tempo demorar como lhe convém. Eu costumo ver o céu e é engraçado: as nunvens passam e as cores mudam. O Tempo, percebe Sofia? Não é a noção de que ele vai, mas a noção de que ele é.

Só espero que este comentário não tenha chegado muito atrasado nesse 2011 que corre, corre... e corre infinito.

Cósmica.